VIA LACTEA

"Ora (direis) ouvir estrelas!
CertoPerdeste o senso"!
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

"E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas"

.Olavo Bilac







quinta-feira, 11 de novembro de 2010



SEGREDOS

Hoje já não consigo ver tua face encantadora,
ela está obscurecida pelo negrume da noite
E pensar que um dia caminhei sobre tuas planícies,
escalei tuas montanhas, adentrei tuas cavernas.
E em cada um desses lugares, vasculhei teus templos
e desvendei teus segredos.
Desvencilhei minha mão que estava entrelaçada a tua.
Teu inverno conduziu-me pra longe de ti
Então, numa noite em que estava fatigada e ansiosa,
abri as janelas e as portas da minha alma.
Tu partistes carregado de tempestades,
toldou -me o discernimento,
levou-me a esperança e o sonho,
so me deixaste essa fagulha no coração,
que qual pira jamais se apaga,
a procura do meu eu na eternidade,
á procura da minha razão

elo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Amor sem fim

O meu amor por voce é uma farpa incrustada
em mim.
Não consigo tirá-la nem com pinça.
E sem voce não consigo me enfrentar.
Não consigo me ser, se tu não me fores.
Sem ti consigo me perder.
Ah! se eu pudesse fazer-te sentiro que contigo
vivi sem o saber.
Sem ti chego ao vazio e inexpressivo de mim.
Tenho tentado inultimente fugir de ti,
mas não consigo fugir de mim.
Não acho o caminho.
À medida que me afasto, me perco.
Me sinto como não me pertencendo.
Não quero fechar as doçuras da minha natureza .
Quero me pertencer, e para que isso aconteça
preciso de voce, preciso estar com voce.
Preciso que me digas que me amas, e não só
o digas: viva-o em mim
elo

Acordei Furacão

Acordei com esse grito na garganta,
com essa voracidade na alma.
Minha parte borboleta quer voar,
minha parte passarinho,
quer construir seu ninho.
Acordei com a fome dos esfomeados,
tal qual animal no cio, com essa ansia
de viver um grande amor.
Sangue fervendo nas veias,
coração entorpecido de bem querer.
Acordei com essa necessidade efêmera
de luz, calor de amar.
Acordei com essa necessidade de explodir,
como se fora um furacão em formação,
uma tempestade de raios.
Acordei assim com vontade de refletir-me
em seus olhos, queimar-me na ardência dos
seus beijos
E numa erupção vulcânica
viver contigo todas as estações do amor

elo


PROSSEGUIR

Vou prosseguir meu caminho, sem olhar pra trás
Vou despojar-me do que me angustia, me fere e
me consome.
Vou encarar o tempo que me resta, sem culpas,
sem mágoas.
Não vou fechar a porta,
ainda haverei de tecer meus sonhos.
Ainda haverei de sonhá-los reais.
A sensação de eternidade, habitava só o
meu universo.
Por diversas vezes, estendi as mãos, na
esperança de reter o tempo,
reviver a sensação de amor saciado.
E as recolhia vazias, diante da efemeridade
do seu amor.
Sinto que não morrerei por ele.
Pra saciar minha sede, levarei seus versos.
Pra aplacar minha sede, terei o sal dos meus
olhos.
Pra adormecer as saudades,
recorrerei as utopias sussurradas nas madruga
das frias, quando eu acreditava no ardor da paixão.
Ainda assim haverei de tecer sonhos, pra alimentar
minhas fantasias,
e iluminar minha escuridão.

elo